quarta-feira, 21 de abril de 2010

O retrato.

No momento em que termino de escrever estas páginas, existem vários ditadores no poder. Um país do Oriente Médio foi invadido pela única superpotência mundial. Os terroristas estão ganhando cada vez mais adeptos. Os fundamentalistas cristãos são capazes de eleger presidentes. A busca espiritual é manipulada por várias seitas que alegam deter o “conhecimento absoluto”. Cidades inteiras são riscadas do mapa pela fúria da natureza. O poder do mundo inteiro está concentrado nas mãos de seis mil pessoas, segundo pesquisa de um reputado intelectual americano.
Existem milhares de prisioneiros de consciência em todos os continentes. A tortura volta a ser tolerada como um método interrogatório. Os países ricos fecham suas fronteiras. Os países pobres assistem a um êxodo sem precedentes de seus habitantes em busca do Eldorado. Os genocídios continuam em pelo menos dois países africanos. O sistema econômico dá mostras de exaustão, e grandes fortunas começam a ruir. O trabalho escravo infantil tornou-se uma constante. Centenas de milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza absoluta. A proliferação nuclear é aceita como irreversível. Surgem novas doenças. Antigas doenças ainda não foram controladas.
Mas é este o retrato do mundo em que vivo?
COELHO, Paulo; O vencedor está só. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

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