Tenho um amigo que ficou surpreso pela repercussão da morte da atriz hollywoodiana Elizabeth Taylor, alguém que ele nunca tinha ouvido falar e nunca assistido um filme do qual ela fizesse parte do elenco.
Não o culpo, além não de não atuar há anos, a estrela faz parte de uma fase do cinema que nossa geração pouco teve contato.
Nada sei sobre cinema e menos ainda sobre a carreira de Liz Taylor, mas pelas contadas notícias que li sobre sua morte, pude entender a razão de tanta comoção.
No período em que a atriz fez história, o cinema ainda era arte, as atrizes eram naturalmente belas; os galãs não eram apáticos, Hollywood trazia em si uma verdadeira fábrica de sonhos e o glamour era componente permanente do contexto.
Ao contrário de hoje que o cinema virou uma indústria sem senso de estética, em que os atores dividem-se nas categorias de pseudocelebridades (atores que tem mais potencial comercial que talento), subcelebridades (atores que vagueiam no limbo entre a fama e o anonimato) e a pior de todas, as celebridades instantâneas (anônimos sem nada a oferecer que desfrutam seus cinco minutos de fama usurpados de uma nudez gratuita ou de um reality show qualquer).
Na atual fase do cinema as belezas são artificiais, quando não virtuais. Recursos tecnológicos são cada vez mais comuns, muito em breve contaremos com elencos compostos por atores virtuais desenvolvidos num aplicativo qualquer do Windows (considerando o parágrafo anterior, isso não seria má idéia).
Conflitos, “testes do sofá”, drogas, perversões e escândalos sempre existiram e farão parte de qualquer meio, seja a época que for, porém anteriormente aconteciam com mais charme e menos apelo popular.
Elizabeth Taylor foi uma atriz que fez jus a sua estrela na calçada da fama e que faz parte dos alicerces do cinema mundial, com a morte da atriz o cinema perde parte de sua erudição, da sua magia, torna-se menos glamouroso e aproxima-se ainda mais da banalidade. Eis a razão de tamanho pesar.