sábado, 9 de abril de 2011

não é fácil - marisa monte




Não é fácil

Não pensar em você

Não é fácil

É estranho

Não te contar meus planos

Não te encontrar



Todo dia de manhã

Enquanto tomo meu café amargo

É, ainda boto fé

De um dia te ter ao meu lado



Na verdade eu preciso aprender

Não é fácil, não é fácil



Onde você anda

Onde está você

Toda vez que saio

Me preparo pra talvez te ver



Na verdade eu preciso esquecer

Não é fácil, não é fácil



Todo dia de manhã

Enquanto tomo meu café amargo

É, ainda boto fé

De um dia te ter ao meu lado



O que eu faço

O que posso fazer?

Não é fácil

Não é fácil



Se você quisesse ia ser tão legal

Acho que eu seria mais feliz

Do que qualquer mortal



Na verdade não consigo esquecer

Não é fácil

É estranho




sobre liz taylor


Tenho um amigo que ficou surpreso pela repercussão da morte da atriz hollywoodiana Elizabeth Taylor, alguém que ele nunca tinha ouvido falar e nunca assistido um filme do qual ela fizesse parte do elenco.
Não o culpo, além não de não atuar há anos, a estrela faz parte de uma fase do cinema que nossa geração pouco teve contato.
Nada sei sobre cinema e menos ainda sobre a carreira de Liz Taylor, mas pelas contadas notícias que li sobre sua morte, pude entender a razão de tanta comoção.
No período em que a atriz fez história, o cinema ainda era arte, as atrizes eram naturalmente belas; os galãs não eram apáticos, Hollywood trazia em si uma verdadeira fábrica de sonhos e o glamour era componente permanente do contexto.
Ao contrário de hoje que o cinema virou uma indústria sem senso de estética, em que os atores dividem-se nas categorias de pseudocelebridades (atores que tem mais potencial comercial que talento), subcelebridades (atores que vagueiam no limbo entre a fama e o anonimato) e a pior de todas, as celebridades instantâneas (anônimos sem nada a oferecer que desfrutam seus cinco minutos de fama usurpados de uma nudez gratuita ou de um reality show qualquer).
 Na atual fase do cinema as belezas são artificiais, quando não virtuais. Recursos tecnológicos são cada vez mais comuns, muito em breve contaremos com elencos compostos por atores virtuais desenvolvidos num aplicativo qualquer do Windows (considerando o parágrafo anterior, isso não seria má idéia).
Conflitos, “testes do sofá”, drogas, perversões e escândalos sempre existiram e farão parte de qualquer meio, seja a época que for, porém anteriormente aconteciam com mais charme e menos apelo popular.
Elizabeth Taylor foi uma atriz que fez jus a sua estrela na calçada da fama e que faz parte dos alicerces do cinema mundial, com a morte da atriz o cinema perde parte de sua erudição, da sua magia, torna-se menos glamouroso e aproxima-se ainda mais da banalidade. Eis a razão de tamanho pesar.