sábado, 12 de dezembro de 2009

A faculdade

Caros amigos,
Na faculdade fechei minhas notas em todas as matérias, fui aprovado com nota máxima na defesa da minha pesquisa, meu estágio e minhas atividades complementares estão todas OK... resta correr pro abraço... Enquanto espero pelos dias da colação de grau e do baile, sofro antecipadamente de depressão pós faculdade (que é aquela sensação de vazio que a gente sente geralmente no horário que estaria na faculdade). Para dar vazão a essa nostalgia segue um texto sobre um fragmento do que foi a faculdade na minha vida.
A FACULDADE
Me lembro como se fosse hoje do meu primeiro dia de aula.
Desci do ônibus todo sujo, com o cabelo estragado e com a roupa rasgada por causa do trote. No peito, uma agradável ansiedade sobre tudo que estaria por vir, era o início de um novo ciclo, uma nova fase em minha vida. Na ocasião não tinha consciência, mas estava me despedindo de mim mesmo, estava prestes a me tornar outra pessoa.
Ao adentrar a sala de aula, me deparei com aqueles com quem compartilharia os quatro anos seguintes de minha vida. Que loucura! Dentre as quase cem pessoas que compunham a turma estavam as que se tornariam fundamentais e importantes em minha vida e formação.
Na época eu era uma pessoa extremamente segura de mim, arrogante, convicto dos meus valores, cheio de pré-conceitos, ostentando heróis, vivendo alguns conflitos (comuns considerando o contexto que me encontrava) e com muitas expectativas.
Quanto à formação acadêmica, não houve surpresas, tive acesso a grade curricular com antecedência (que foi rigorosamente seguida). O que me surpreendeu foi a formação humana pela qual passei, aprendi muito mais com as paixões, os valores, ideais e as utopias dos meus professores do que com as antigas teorias que há gerações são apregoadas.
Pude contar com uma equipe de mestres além de competentes, apaixonados pelo que fazem.
O professor Marcelo é o melhor professor de matemática que eu conheci até hoje, ele me mostrou que a matemática É SIM um monstro, mas que esse monstro pode ser enfrentado e vencido.
A professora Maristela me ensinou que os paradigmas existem para serem quebrados.
O professor Edgar me ensinou que há sempre tempo de mudança e que para que estas aconteçam é necessário tempo e tolerância.
O professor Milton foi extremamente companheiro quando perdi meu pai e me ensinou que o sucesso está em seguir nossas paixões.
O professor Alexandre sempre exigente me ensinou que há várias maneiras de conquistar o que acreditamos e que a reflexão é a maior liberdade que um homem pode almejar.
A professora Nathalia me ensinou que a escrita é uma das ferramentas para praticar a liberdade obtida pela reflexão.
O professor José Carlos é o mais meigo de todos e me ensinou a valorizar as coisas simples da vida.
Através do convívio com estas pessoas constatei que o mundo do aluno tem o tamanho da ousadia do professor. Pela descrição acima você pode imaginar minha atual dimensão de mundo.
Quanto a mim, alguns dizem que continuo arrogante, porém, meus valores eu os reformulei, meus pré-conceitos estou tentando superar, meus heróis sucumbiram e hoje vivo novos conflitos.
Por conta de todas as experiências vividas nestes últimos quatro anos, posso afirmar que hoje tenho consciência do espaço que ocupo no mundo, das minhas responsabilidades na sociedade, passei a entender a citação em que Henfil nos diz que ter consciência não nos obriga a sermos conscientes, passei a ter causa para minhas rebeldias, ser mais tolerante com as diferenças e a crer cada dia mais em utopias (são elas que movem o mundo).
Mais um ciclo se encerra em minha vida, além das já citadas acima, muitas outras situações por quais passei contribuíram para que chegasse onde cheguei e me tornasse o que me tornei.
Na essência continuo o mesmo e pronto para uma nova etapa desta festa que insistimos em chamar de vida.
PS: Existem alguns erros que se justificam somente quando cometidos na fase de faculdade e que muitas vezes agregam mais valores que alguns acertos.

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